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Filho de peixe, peixinho é: família vive da cultura pesqueira
ALTO-MAR - Pai e filhos representam duas gerações que sustentam suas famílias com a mesma profissão: a pescaria, uma das mais antigas e principais atividades econômicas da Cidade
De corpo e alma. A pesca artesanal tem se enraizado como uma narrativa que vai além das histórias de pescador, tornou-se um negócio de família. Nivaldo Faustino da Silva, de 61 anos, vem de uma dinastia de pescadores: é pai de doze, seis deles vivem da cultura pesqueira, em mar e em terra. As embarcações saem ainda de madrugada rumo às águas transparentes antes mesmo do primeiro raio de luz. Mesmo com a era tecnológica, em uma cidade litorânea é muito comum caiçara que não vive do turismo, viver da pesca.
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A tecnologia parece não ser o forte de Nivaldo: apenas um celular no bolso para verificar as condições climáticas para os próximos dias. Quando favorável, o pescador e seus filhos partem de barco rumo a uma aventura mar adentro. Eles sabem que ventos e tempestades prejudicam a pesca e trazem estragos irreversíveis aos barcos e aos tripulantes. Os filhos, Fabiano Trindade da Silva, de 30 anos, e Flávio Nascimento da Silva, de 22 anos, relembram uma das histórias.
“Durante uma das travessias que fazíamos – eu e meu irmão –, chegou uma frente fria. O motor do barco parou e nós estávamos com as embarcações carregadas de gelo. Não demorou a entrar água. Naquele momento, liguei para o meu pai para avisá-lo que ele perderia um de seus patrimônios. Por telefone mesmo, ele rezou e, no final, deu tudo certo”, desabafa aliviado Fabiano. A família tem três barcos pesqueiros, conduzidos pelo pai e os demais filhos.
O segredo para o sucesso está ancorado naquele velho ditado: ‘Deus ajuda quem cedo madruga’. “A minha clientela é fiel, isto é, o que eu pegar já está vendido. Eles compram antecipadamente”, diz Nivaldo, que chega a faturar sozinho entre R$ 3 mil e R$ 4 mil por mês. Como uma herança, aprendeu o que sabe com o pai, na época em que eles moravam em Alagoas. “Lá, a gente pescava no rio, em canoas. Aqui, é de barco e no mar”. Ao contrário das histórias de pescador, Nivaldo é bem realista e não brinca com coisa séria. “Nunca vi nada no mar, não acredito. Antes de sair, peço a proteção de Deus. Ele nos dá força em todos os caminhos. Sem ele – aponta o indicador para o céu – nada seria possível”, agradece.
Pai e filhos representam duas gerações que sustentam suas famílias com a mesma habilidade: a de pescar, uma das mais antigas e principais atividades econômicas da Cidade. No caso de Fabiano, um trabalho que passará ao seu sucessor com a mesma intensidade que aprendeu. “Se ele quiser seguir com a profissão, será um prazer instruí-lo”. O rapaz conhece as artimanhas do mar desde os 17 anos. “Batalho para quando meu filho crescer, eu ter condições de proporcioná-lo um barco”.
Fabiano e seus irmãos possuem carteira profissional. Seu trabalho não exige ensino superior, no entanto sua expertise no mar não é algo que pode ser ensinado dentro de uma sala de aula, é aprendido no dia a dia. Ele tira em média R$ 1.500,00 por mês, maior que o salário mínimo nacional, que é de R$ 937,00. “Se me perguntarem como me vejo daqui a 30 anos, a resposta seria fácil: na pesca, lógico. Quero ser chefe, ter pessoas para trabalhar para mim”.
Os camarões têm o período de defeso: é de 1º de março a 31 de maio, quando ocorre a paralisação temporária da pesca para a preservação de uma determinada espécie. Entre os tipos ameaçados estão o Camarão Rosa, Sete-barbas, Branco, Santana e Barba-ruça. “Todos precisam respeitar. São nove meses trabalhando e três parado. Nesta família, usamos o mesmo produto, mas cada um tem o seu dinheiro. Somos independentes”, conclui Nivaldo.
Se depender das filhas Luzia Aparecida do Nascimento da Silva, de 34 anos, Cristiana do Nascimento Silva, de 36 anos, a tradição se perpetuará por gerações. Elas começaram descabeçando o camarão e hoje têm barracas fixas e comercializam a venda direta de tanto do camarão quanto de alguns peixes.
Indagada sobre o lado ruim da profissão, Luzia é categórica: “O mês de agosto é sempre ruim. Tanto para quem vende quanto para quem pesca. O frio atrapalha, mas não nos desanima”. No futuro, ela sonha em comprar dois barcos e virar empreendedora. “Sim, quero continuar a trabalhar com o camarão. Nasci rodeada disso, é um negócio que envolve toda a família, mesmo que cada um tenha a sua independência. Lembro-me de minha mãe limpando o fruto do mar. Ela era analfabeta e conseguiu gerenciar uma peixaria. Na alta temporada, chego a tirar R$ 6 mil”, lembra orgulhosa.
O trabalho de pescador é uma profissão muito comum para quem mora no litoral e, muitas vezes, um trabalho que perpassa de pai para filho. Para o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Eliseu Braga Chagas, a atividade é uma das mais antigas realizadas em Itanhaém. “Temos um projeto perene junto aos agricultores e pescadores da Cidade. Eles são tradição e importantes para o desenvolvimento e o crescimento do Município”.
Palavras-chave: caiçara, família, pesca, pescador
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