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Publicado em: 25/10/2017 - Última modificação: 16/11/2020 - 13:23
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História de amor: final feliz para o coração de um ex-morador de rua

APAIXONADOS - Hoje, quase dois anos depois, ele começa a escrever novos capítulos de sua vida



Casal José Merísio e Maria da Conceição se conheceu em uma das atividades do Conviver

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Quem vive nas ruas muitas vezes é invisível aos olhos da população, passagem que José Merísio, de 59 anos, lembra bem ao recordar momentos difíceis que sentiu na pele quando trocou o conforto do lar pela solidão das ruas. Hoje, quase dois anos depois, ele começa a escrever novos capítulos de sua vida, só que agora com um final feliz. “Estou namorando e ganhei uma família. A felicidade não cabe no meu peito, principalmente com a chegada do Natal, quando estarei com meus ‘novos’ enteados e netos”.

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O casal José Merísio e Maria da Conceição se conheceu em uma das atividades do Conviver, ambiente reservado à terceira idade, com ações que promovem o bem-estar e lazer para o corpo e a mente. Entre um olhar charmoso, um sorriso tímido e uma piscada inocente, surgiu uma paquera que não demorou a se transformar em um relacionamento sério. “Começamos conversando, conversando e conversando”, brinca ele. “Uma amizade que migrou para um namoro. É maravilhoso este momento que estou vivendo”, diz o ex-morador de rua com um sorriso acanhado.

Quando fala de Merísio, os olhos de Maria, de 72 anos, se enchem de brilho e orgulho. Ela sabe das dificuldades enfrentadas pelo companheiro durante o período que morou nas ruas. Recentemente o relacionamento avançou: estão arriscando a vida de ‘casados’. “Em casa, ele me ajuda na cozinha, prepara o almoço e lava a louça. É um grande cúmplice, está mudando a minha realidade e das pessoas próximas”, conta feliz. “Meus filhos adoram e sabem o bem que ele tem feito à minha vida”.

SITUAÇÃO – Mas quem acha que a vida só foi alegria, engana-se. Gaúcho de raiz, José Merísio viveu por 15 anos nas ruas. Antes, teve uma carreira breve como jogador de futebol e depois trabalhou com outros serviços temporários. Nascido em Brusque, Santa Catarina, gostava de curtir com os amigos: começou com um gole aqui, um gole ali. Com o passar dos anos, o vício em álcool foi se agravando ao ponto de trocar a casa pelas ruas, a família pela bebida.

“Por algum tempo ganhei, mas o álcool foi minha perdição. Saí de casa e, quando o dinheiro acabou, parei nas ruas. Ainda enfrento problemas de saúde por causa da cachaça. Não via salvação para o meu caso”, explica. “Permanecia embriagado o tempo todo. Passei a consumir mais de dois litros de pinga diariamente. Hoje não ponho uma gota de álcool na boca. O Centro POP foi importante para a minha reabilitação”.

No dicionário, acolhimento é o mesmo que proteção, esperança e consideração. Sinônimos com grande representatividade para quem está em situação de rua. As palavras se agarram ao trabalho realizado pelo Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua, o Centro POP, um equipamento público que serve como ferramenta para a proteção social e o auxílio à população em situação de rua.

No local, eles se alimentam, tomam banho, além de passarem por triagem que dá acesso ao atendimento psicossocial, à documentação civil, encaminhamento para rede socioassistencial e setorial (CAPS AD, USF, entre outros), acompanhamento e acesso ao Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social (BPC) e Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) e o cadastramento no CadÚnico, para, posteriormente, chegarem à Casa de Acolhimento João Paulo II.

Quando encaminhados à instituição, os trabalhos dos profissionais não param, pelo contrário, são intensificados. Há um direcionamento para aqueles que não concluíram o Ensino Fundamental ou Médio para a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Enquanto permanecem no local, eles também são direcionados a cursos do programa Mais Oportunidades, no Centro de Treinamento Profissionalizante de Itanhaém (CETPI).

“Na casa de Acolhimento, fui muito bem recebido. Depois de passar algum tempo lá, com o acompanhamento dos profissionais, consegui alugar um cantinho para seguir minha vida. Foi neste período que conheci a Maria. Desde então, minha vida mudou para melhor”.


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