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Artesãs encontram na produção de máscaras a esperança de ajudar
DEFICIÊNCIA VISUAL - Cegas de um dos olhos, elas apresentam semelhanças até em tempos de pandemia: a solidariedade
As artesãs Regina Elena Quirino, de 63 anos, e Noêmia Peixoto da Silva, de 58 anos, não imaginavam que além da deficiência visual compartilhariam do amor pelo artesanato, a mesma profissão que as ajudou a superar dificuldades e a vencer limites. Cegas de um dos olhos, elas apresentam semelhanças até em tempos de pandemia: a solidariedade no formato de máscaras, doadas à Casa do Artesão e também à comunidade.
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“Esse dinheiro não seria bem-vindo”, diz Regina sobre possível comercialização dos equipamentos que servem de proteção facial. “Faço porque sei que muita gente precisa. O momento é de ajudar e de contribuir com o que podemos. Para mim, não custa nada”, ressalta emocionada. “Tenho arritmia cardíaca. Estou no grupo de risco e sei o que essas pessoas estão passando”, comenta aflita. “Não vejo a hora de tudo isso acabar”.
Desde que começou a produzir máscaras em casa, no início do surto de coronavírus, Regina já contabilizou mais de 70 – até o último dia 16 de abril. Os materiais chegam à sua casa, doados pela Casa do Artesão, que recebe parte dos protetores para distribuir a quem precisa. A outra metade fica com a artesã, que entrega à comunidade onde mora, no bairro Suarão. “Os meus vizinhos me pedem encomendas. Farei com todo o carinho”.
Retalhos de TNT e outros tecidos em cima da máquina de costura dão sinais de um dia longo de trabalho. “Entrego no bairro. Quem usar saberá que foi feito com amor”, conclui a artesã que perdeu a visão do olho direito e parcialmente do esquerdo, após sofrer um acidente doméstico há cerca de 35 anos. “Tenho um olho de vidro. O outro não sei quanto enxergo”.
Aos 23 anos, Noêmia Peixoto da Silva sofreu um “suposto” descolamento da retina, que causou a cegueira gradual do olho direito. Só anos depois, em 2016, descobriu o motivo real que ocasionou a perda da visão: catarata nigra, forma mais avançada da doença. Enquanto isso, a olho esquerdo só piorava, chegando a ter 28 graus de miopia. Após a cirurgia, também de catarata, voltou a ter 27% da visão.
Antes da pandemia, a artesã se dividia entre os afazeres do lar e o artesanato, sua principal renda de casa. “Tudo com materiais recicláveis. É uma delícia. A gente relaxa”. Com as atividades paradas, Noêmia não pensou duas vezes e trocou, temporariamente, vidros e garrafas plásticas por máscaras. “Com um lustre, faço fruteira. Hoje, os panos viram máscaras. Tudo é artesanal”.
CASA DO ARTESÃO
A amizade entre as duas iniciou há quatro meses, quando se conheceram na Superintendência do Trabalho Artesanal nas Comunidades (SUTACO) de Itanhaém durante as inscrições para a Casa do Artesão, espaço da Secretaria de Relações do Trabalho para exposições, ateliê, cursos e oficinas, além de promover o empreendedorismo e a comercialização de produtos artesanais, desde que estejam devidamente cadastrados na Sutaco. O espaço é coordenado por Simone Faya.
Palavras-chave: artesanato, artesão, Mascaras, pandemia
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