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Publicado em: 18/09/2019 - Última modificação: 16/11/2020 - 11:24
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Fazer o bem sem olhar a quem: No quesito alegria, eles são doutores

VOLUNTÁRIOS - Os voluntários do ‘Colorindo’ aprendem com a experiência e dedicam parte do tempo para levar cor a dias nublados



Quando não estão em visita a hospitais, asilos e entidades sociais, eles estão em treinamento das técnicas de abordagem em situações de vulnerabilidade

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Os rostos são pálidos, as maçãs ganham tons rosados, os bordados nos jalecos traçam a especialidade dos doutores e os narizes de palhaço dão vida aos personagens. No grupo, cada um tem o seu papel, o de levar alegria a quem chora, risos a quem sente dor e esperança a quem a perdeu. Cúmplices, os voluntários do ‘Colorindo’ aprendem com a experiência e dedicam parte de seu tempo para levar cor a dias nublados.

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E quem pensa que é só vestir a máscara e fazer caretas está completamente enganado. Não é um trabalho de amadores, são profissionais que buscam espaço na agenda para se dedicar a ações voluntárias. Quando não estão em visita a hospitais, asilos e entidades sociais, eles estão em treinamento do estudo de clown (construção de personagens e técnicas de abordagem em situações de vulnerabilidade) ou em dinâmicas com psicóloga. “Tudo é organizado”, diz a fundadora e coordenadora do grupo, Lenita Moreiras Sena, de 35 anos, conhecida como Dra. Fuxido do Bem.

Com quase dois anos de formação, o Colorindo promove ações voluntárias na Cidade

Em ações pela Cidade desde 2017, o ‘Colorindo’ é um grupo formado por profissionais das mais diferentes áreas, obstinados pela mesma missão: fazer o bem sem olhar a quem. E o pagamento? Um belo e espontâneo sorriso. “O nariz é a menor máscara do mundo. Quando a colocamos, nos desfazemos do papel social, da família e dos amigos para dar vida àquele personagem”, explica Lenita.

A ideia de formar o grupo foi sucesso nas redes sociais, com processo seletivo respaldado pela psicóloga Renata Persike Serrano, a mesma que organiza encontros mensais com os integrantes do ‘Colorindo’. “O trabalho é de humanização. Lidamos com as dores em lugares que a realidade é triste e pesada, às vezes não ficamos bem. Busco no ser humano doente a parte que está saudável, pois é esta que tem que expandir no momento de dor”.

Para compor o perfil dos personagens, eles se reúnem para o estudo de clown

Com sorriso inflado, a Dra. Amnésia Magnésia, interpretada pela funcionária pública Érica Ferreira Dias, de 44 anos, está orgulhosa do trabalho realizado pelo grupo. “Desde os 20 anos tenho vontade de participar de trabalhos como este. Quando criança, eu pertenci ao grupo dos bandeirantes e dos escoteiros, sempre tive o voluntariado na minha vida”. Ela acredita que, após fazer parte do grupo, as vivências a fizeram mudar. “Você passa a dar valor à vida, passa a rever vários conceitos, inclusive em casa”.

As visitas costumam ocorrer a cada 15 dias, e os encontros para o treinamento uma vez por mês. Hoje, 13 pessoas fazem parte do clã. São elas: Paula Renata Araújo (Dra. Pimenta); Érica Ferreira Dias (Dra. Amnésia Magnésia); Liliane de Carvalho (Dra. Residente); Bianca Bini (Dra. Pituca Biruta); Luana Lettieri (Dra. Paçoca); Vânia Severino Cassimiro (Dra. Sarakura); Alexandre Tarcísio de Souza (Dr. Riso Tril); Mônica Moreira (Dra. Docinho); Mayke Jhonatan (Dr. Aquarela) e Célio Roberto de Souza (Dr. Amendoim).

O voluntariado é algo que o advogado Alexandre Tarcísio de Souza, de 46 anos, conhece bem. Seu conhecimento na área da saúde o fez abrir os olhos para novas experiências, principalmente na área social. “Eu trabalhei em hospitais como técnico de enfermagem e presenciei a realidade dos pacientes. Esta ação traz um ganho positivo, mas você acaba introduzindo isso à sua vida, sendo mais atento às necessidades das pessoas ao meu lado”.

Lilian de Carvalho é professora da rede privada. Ela tem 34 anos e está envolvida nas atividades do ‘Colorindo’ há quase dois anos. “O ponto crucial é levar carinho e amor sem esperar nada em troca. É um trabalho que exige muita dedicação e estudos. Fazer graça é diferente de fazer clown”. O mesmo tom é adotado pela auxiliar administrativa, Paula Renata Araújo, de 42 anos. “A minha expectativa era fazer algo ao próximo, mas você vai se envolvendo e aprende a olhar as diferenças e a lidar com as situações”.

Muitas pessoas têm dificuldade em dedicar algumas horas do dia para o próximo. A estudante de estética, Mônica Moreira, de 36 anos, era uma pessoa que se preocupava com bens materiais. “Este trabalho mudou a minha vida. Agora penso mais na minha família, no amanhã”. Ela confessa: “Ás vezes, mesmo quando estamos no personagem, é difícil se segurar. Mas quando bate aquela vontade de chorar, tentamos disfarçar, tomar uma água para que a emoção não interfira no nosso papel”.

 


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