Fauna
Na Serra do Mar, bem como toda a área de Mata Atlântica existente no município de Itanhaém, as nascentes alimentam rios e cachoeiras; as cavernas e os penhascos contam histórias dos primeiros tempos da terra. Suportam o cenário que acolhe a vida entre incontáveis cores, sombras, formas e tamanhos.
As árvores, flores, frutos e até minúsculas plantas completam o abrigo, a fonte primeira de alimentos e o berço de uma rica fauna que embora ameaçada persiste em desenhar a harmonia de cada momento da floresta.
Os cientistas afirmam que neste ambiente encantador perto de um milhão e meio de espécies já foram classificadas até hoje. A história é semelhante a de tantas outras florestas do Planeta. Através da evolução, para sobreviver, os animais venceram incontáveis dificuldades e foram se adaptando aos diversos ambientes, virando especialistas nos seus domínios. Tendo os peixes como ancestrais, os anfíbios foram viver na terra, utilizando a água apenas para reprodução. Mais tarde surgiram os répteis, que já se sentem muito à vontade no chão.
Muito depois, apareceram as aves e os mamíferos, com grande poder de adaptação aos diferentes ambientes. A marca da evolução está refletida nas diversas formas, aspectos, hábitos e preferências dos animais e permite que vivam nos diferentes ambientes: aquático, terrestre, de transição, subterrâneo e aéreo. Os peixes necessitam essencialmente da água para sobreviver. Sapos, algumas cobras e aves, como o mergulhão, o martim-pescador e os patos, utilizam-na para se alimentar ou para se reproduzir. Aí também passam a maior parte de seu tempo os jacarés e alguns quelônios, como os cágados que guardam até hoje suas características originais.
A lontra, a cuíca d’água, a ariranha, o mão-pelada, o ratão-do-banhado, a anta, a capivara, os socós, sendo animais semi-aquáticos que vivem ora na terra ora na água, procurando alimentos, buscando refúgio ou um lugar especial para se reproduzir e criar seus filhotes. Os brejos são freqüentados pelas rãs; por aves como os frangos-d’água e saracuras; libélulas, outros insetos; e moluscos, como os caramujos. Um dos animais que vivem no subsolo é a cobra-cega ou minhocão: raramente vem à superfície.
Mas é debaixo da terra que o tatu – galinha, a paca, as formigas, as aranhas – caranguejeiras e as cigarras(quando jovens), fazem tocas, esconderijos e ninhos para se reproduzir ou para se proteger. Grande parte dos animais utiliza o chão para procurar alimentos, proteção ou para descansar: os anfíbios. As copas das árvores revelam agradáveis surpresas. Alguns animais adaptaram-se especialmente para viver nessa floresta atlântica.
A mata é pródiga e cada um ocupa seu espaço segundo suas conveniências, necessidades e habilidades. Já se notam aí as diferenças entre as espécies moldadas aos ambientes diversos. Onde a vegetação é densa, encontram-se animais com bons ouvidos,e se escutam atentamente, também precisam se comunicar são grandes vocalizadores ou, de alguma forma, emitem sons diferenciados, característicos. Não exigem muito espaço e usam a densidade da mata à favor da proteção e da sobrevivência. Na cantoria, estão solitários, o bugio, o macaco-prego, o rato-da-árvore, jacutinga, maritacas.
As áreas menos densas, com grande quantidade de cipós e pequeno espaço entre a vegetação, limitam o tamanho dos animais. A especialidade contempla os de pequeno e médio portes, mais chegados às árvores e equipados com caudas, que auxiliam a locomoção. A onça pintada escolhe, no interior sombrio da floresta, regiões de vegetação mais aberta para levar a vida. Das vizinhanças, compartilham ariranhas, pacas, jacutingas e macacos de maior porte, como o mono-carvoeiro.
O sol, como um maestro, rege a floresta. Com seus primeiros acenos, alerta os pássaros a preparar os acordes da manhã. Quanto mais emerge sobre as copas das árvores, tanto mais inunda de vida a mata: quase todos os vegetais dependem dessa energia em forma de luz para sobreviver e para garantir a sobrevivência das outras espécies.
A cada hora, a cada fração de segundo, opera-se uma transformação na floresta, ajustam-se as rotinas de todos, uns aos outros. Abrem-se as flores em matizes estonteantes convocando abelhas e pássaros para o festim de néctar e sementes. Pequenos animais fogem de carreira, aflitos, na desesperada tentativa de se livrar dos olhos certeiros de predadores. Na mata tudo se move, até mesmo o solo, ao longo de muitos anos, transportado de minúsculos em minúsculos grãos de operosos cupins e formigas.
Quando o sol dá sinal que descansará, todos se aninham para o descanso. Quase todos, porque a vida se revela mais uma vez entre as sombras, sob o comando dos animais crepusculares. Grilos , sapos e rãs ensaiam um segundo movimento sinfônico. E até à noite, o palco da floresta estará repleto de pererecas, cuícas, morcegos, mosquitos, tamanduás-mirins, ouriços-cacheiros, corujas, mariposas.