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Publicado em: 16/08/2019 - Última modificação: 16/11/2020 - 11:27
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Caçadora de leitores, senhora de 82 anos monta biblioteca em casa

PARA A COMUNIDADE - Após quatro anos, a escritora teve sua estrutura ampliada: ganhou mais cores, mais prateleiras e mais livros



Dona Lydia da Silva Gonçalves e o estudante João Cauã de Souza da Silva, de 15 anos

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Aos 82 anos, a pedagoga Lydia da Silva Gonçalves começa a escrever novos capítulos de sua vida, hoje dedicados a uma ambiciosa missão: caçar leitores para a biblioteca comunitária construída na garagem de casa. Analfabeta por mais de seis décadas, a aposentada não tinha influência com as palavras. Para ela, os livros eram páginas em branco, decifrados em figuras e desenhos. “Comecei a viver aos 65 anos de idade”.

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A escritora é conhecida também por realizar roda de contação de histórias com a comunidade

Em 2015, tudo era muito caseiro. Um espaço improvisado no quintal para abrigar os primeiros 500 livros, doados pela Biblioteca Municipal Poeta Paulo Bomfim e por amigos mais próximos. Após quatro anos, a garagem teve sua estrutura ampliada: ganhou mais cores, mais prateleiras e mais livros, hoje são 2 mil obras dos mais diferentes gêneros. Organizados, os exemplares são etiquetados e separados por categoria. “Tem romance, tem crônicas, tem poemas, tem histórias, enfim, tem um pedaço do mundo nesta biblioteca”, conta feliz.

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Ler se tornou sua principal viagem. Referência no bairro Estância Santa Cruz, região afastada da área central, a biblioteca da dona Lydia é o passaporte para novas descobertas. Exemplo disso é João Cauã de Souza da Silva, de 15 anos, um jovem que se divide entre os estudos e a leitura dos mais variados temas. “Conheci o ambiente passeando pela rua. Sempre gostei de frequentar a biblioteca, agora ainda mais porque está perto da minha casa”. Ele está ciente dos benefícios da leitura: “a melhor forma de ampliar o conhecimento é mergulhar no mundo das letras”.

Todas as pessoas são bem-vindas. É só chegar e entrar

Qualquer pessoa pode participar. É só chegar e entrar. As opções são as mais variadas: pode pegar emprestado, ler no lugar ou ouvir a contação de histórias. Se estiver fechada, é só bater à porta. “Todos os dias mantenho horário das 8 às 19 horas. Após isso, é só me chamar que eu atendo sim”.

TRAJETÓRIA

Caiçara raiz, dona Lydia nasceu no bairro que reside até hoje. Aos 65 anos, ela conclui o Ensino Fundamental (Escola Municipal Professora Filomena Dias Apelian) e Médio (Escola Estadual Professora Jon Teodoresco) na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Não demorou a ingressar no curso de pedagogia e a publicar três livros, todos sobre a sua trajetória de vida. Prestes a realizar mais um sonho, a escritora concluirá este ano o curso de direito. A biblioteca fica na Rua Mogi das Cruzes, 310, no bairro Estância Santa Cruz.


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